Minha Gente, estou completando quatro meses de namoro com a Pati. E hoje farei uma homenagem diferente. Não escreverei um texto elogiando-a ou tentando descrevê-la até porque já fiz isso aqui no blog. Publicarei um texto belíssimo do Reinaldo Fontes contando a história que transformou a vida da Pati. Esta reportagem foi escrita há alguns anos quando ele era aluno de jornalismo da PUCRS. Por causa dessa defasagem do tempo, é claro que alguns dados estão errados. Atualmente, ela não precisa passar o tempo se distraindo na internet, por exemplo. Vocês sabem que, agora, a Pati trabalha comigo na Secretaria Estadual da Saúde.
Mas o que vale é a história, que felizmente terminou com uma final feliz em que eu fui o maior beneficiado já que conquistei uma namorada maravilhosa. E não é uma história comum. Não é qualquer um que supera o que a Pati passou. Vocês logo entenderão porque amo tanto a Pati e por isso estou tão feliz ao lado dela. Aí está o texto (e parabéns ao Reinaldo pela sensibilidade):
Mas o que vale é a história, que felizmente terminou com uma final feliz em que eu fui o maior beneficiado já que conquistei uma namorada maravilhosa. E não é uma história comum. Não é qualquer um que supera o que a Pati passou. Vocês logo entenderão porque amo tanto a Pati e por isso estou tão feliz ao lado dela. Aí está o texto (e parabéns ao Reinaldo pela sensibilidade):
Um
novo começo
Reinaldo
Fontes
O
dia 04 de maio de 2009 vai ficar marcado para sempre na vida de
Patrícia Gross
Jacoby. O que era para ser uma segunda-feira monótona e tranquila,
como todas as outras, antecedidas pelo tão aguardado final de
semana, transformou-se em episódio marcante para a bela moça de 30
anos. Após um domingo de dores na cabeça e nas costas, as quais
poderiam ser explicadas pelas festas dos dois dias anteriores, ela
levantou para o trabalho indisposta. As horas seguintes seriam
inexplicáveis, já que Patrícia entrou em coma, sem motivo
aparente, surpreendendo os médicos do Hospital São Lucas.
Inicialmente,
eles acharam que se tratava de uma meningite, diagnóstico pouco
conclusivo para os 89 dias seguintes que a gaúcha passaria
inconsciente. Recém-formada em Relações Públicas, com emprego na
área do marketing e namorando, Patrícia não tinha nenhum histórico
de doenças que pudesse explicar o ocorrido, o que desafiava, dia
após dia, o conhecimento que os médicos procuravam, em vão, em
seus seis anos de graduação. Em meio a avalanche de incertezas e
questionamentos estava a família da moça, munida de fé e
perseverança.
Nem
mesmo a troca de hospital fez surgirem as respostas para aquele caso
intrigante e os dias foram
passando. Ao pé da cama da jovem estava o namorado, para acompanhar
o sono profundo de Patrícia. O mesmo ritual ele repetiu nas 90
noites do período, dormindo em pé, inclusive, quando não havia
lugar para repousar. Dona Olva, vó de Patrícia - juntamente com
sua mãe, Mara, e a irmã, Carol - se instalara em Porto Alegre dois
meses antes, em mudança. A senhora, simpática e sorridente, foi
mais uma a se juntar ao drama da neta.
Durante
o tratamento, e equipe médica teve duas certezas. A primeira delas,
é que Patrícia, numa escala de 1 a 15 para o coma, na qual zero é
falecimento e 15 é o despertar, estava no 3. A segunda, não menos
preocupante, é que a moça produzira
anticorpos contra si, inutilizando, portanto, os medicamentos que
recebia. A tristeza no quadro clínico ficara descrita não só na
aparência da equipe médica, mas em suas palavras. Os médicos já
estavam entregando os pontos e coube à família manter a motivação
deles. O mesmo pessimismo foi ainda mais claro no comunicado da
psicóloga, que no seu dever de acompanhar o processo com a família,
pediu aos parentes que esperassem o pior.
No
entanto, naquela mesma noite, quando tudo conspirava contra a vontade
indireta de Patrícia de lutar pela vida, ela mesmo tratou de avisar
a todos que não se entregaria. No mesmo dia em que a psicóloga
havia dito para todos
perderem as esperanças Patrícia mexeu a face. Foi o primeiro passo
para a redenção da moça. O suficiente para renovar qualquer
esperança abalada.
Pouco
depois, como um bebê que vem ao mundo, ela abriu os olhos. A
recuperação, no entanto, passaria pela eliminação de sequelas, a
maior delas até então, a incapacidade de andar. Patrícia
despertou, mas seu cérebro ainda precisava voltar à vida. Na
readaptação, o desafio de voltar a falar e a locomoção. Com as
sessões de fonoaudiologia a voz ganhou sentido novamente. O tempo da
inconsciência deixou fracas as pernas de Patrícia, foi então que
ela iniciou o processo fisioterápico que se estende até hoje.
Em
meio aquele turbilhão de informações provenientes do
despertar, duas coisas chamaram sua atenção. A primeira delas, o
gosto de uma sopa instantânea levada no hospital pela irmã. Por
mais simples que parecesse, deixou Patrícia coberta de alegria, já
que anteriormente ela só se alimentara através da sonda. Longe de
suas mais importantes impressões na ‘volta ao mundo”, uma
curiosidade: Michael Jackson havia falecido.
A
volta para casa demorou, mas enfim aconteceu. Cercada de cuidados de
seus entes
queridos, Patrícia deu início à recuperação que sempre soube ser
possível. O namorado esteve junto por mais um ano, até que ela
tomou a decisão de pedir que ele seguisse a vida. Nesse momento, a
cadeira de rodas tornou-se um desafio, uma separação mais dolorosa.
Para
acelerar o processo, ela teve que passar por uma cirurgia de
alongamento dos tendões, já que não conseguia apoiar
a sola dos pés no chão. A partir daí, três sessões diárias de
fisioterapia viraram rotina: uma profissional; outra com a mãe, que
com os conhecimentos adquiridos por meio da observação se tornou
quase uma fisioterapeuta; e outra espontânea, na qual Patrícia
desempenha regularmente exercícios físicos sem nenhuma ajuda.
A
certeza de que voltará a andar está sempre com ela, como um
amuleto. Desde 2011, Patrícia já dá seus primeiros passos com
auxílio de um andador. Também consegue ficar de pé por vários
minutos. No computador ela passa boa parte do tempo, se distraindo.
Das redes sociais preferiu ficar de fora, para não se sentir
desestimulada. Na cabeça, saudades de ir à praia e o desenho de uma
vida nova que logo ela terá. No passado,
a certeza de que não há motivo para cultivar insegurança por
coisas fúteis.
Patrícia
não quer ver o tempo passar lentamente, sabe que é uma vencedora e
correrá atrás de seus sonhos. Valoriza as pessoas que a acompanham,
o poder da vontade e a evolução contínua de seus passos. Leva de
sua experiência um longo aprendizado, ato do destino. Um sono
prolongado que a
fez, sem aparente explicação, não deixar nada para amanhã.