sábado, 2 de novembro de 2013

Artigo sobre a Feira do Livro

No ano passado, tentei publicar, no Correio do Povo e na Zero Hora, um artigo sobre a falta de acessibilidade da Feira do Livro. Como a Feira é algo muito tradicional, não acredito que algo vá mudar. Aí está a íntegra do texto:

A falta de acessibilidade da Feira do Livro

Todo ano, desde o meu tempo de criança, tenho a imensa satisfação de ir á Feira do Livro. Felizmente, fui criado com muitos livros ao meu redor e assim desenvolvi o hábito da leitura. Por isso, sempre gostei de ir na Feira. Mas essas visitas seriam mais prazerosas se o evento fosse mais acessível para pessoas com deficiência como eu (sou deficiente físico).
O piso onde está instalada a Feira do Livro é horrível. Na Praça da Alfândega, tem aquelas pedrinhas que a gente chama de mosaico português. Nas ruas adjacentes e no Cais do Porto, onde temos a Feira Infantil, a situação piora pois os paralelepípedos predominam. Estive na Feira com uma amiga cadeirante e o risco de tomar um tombo é muito grande. Um piso adequado não beneficia somente as pessoas com deficiência. Todo mundo sai ganhando: mulheres que usam salto; bebês quando estão nos seus carrinhos; idosos; etc. Embora muitos defendam a tradição, acho lamentável uma cidade como Porto Alegre, que se considera moderna, ainda usar esse tipo de piso. Em tempo, durante o nosso passeio, encontramos uma senhora cadeirante e um rapaz com uma bengala com o mesmo propósito de visitar a Feira.
As bancas são muito altas para um cadeirante ou para uma pessoa de baixa estatura. É difícil para eles alcançar os livros. As editoras; a banca de informações sobre o evento e a programação paralela da Feira não tem intérprete da língua brasileira de sinais (libras), profissional que atende os surdos e os mudos. Nos banheiros químicos próprios para cadeirantes, falta espaço para as cadeiras e seus donos. As publicações em braille e em áudio praticamente inexistem. Aliás, este não é um problema só da Feira do Livro. As editoras esquecem quem tem sérios problemas de visão ou uma tetraplegia e não publicam livros em braille e audiolivros.
Espero que a Prefeitura de Porto Alegre e a Câmara Rio-Grandense do Livro pensem um pouco mais nas pessoas com deficiência para que, na edição do 2013, a praça não seja só dos livros e a Feira do Livro seja mais inclusiva. 

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