quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Por que amo tanto a Pati

Minha Gente, estou completando quatro meses de namoro com a Pati. E hoje farei uma homenagem diferente. Não escreverei um texto elogiando-a ou tentando descrevê-la até porque já fiz isso aqui no blog. Publicarei um texto belíssimo do Reinaldo Fontes contando a história que transformou a vida da Pati. Esta reportagem foi escrita há alguns anos quando ele era aluno de jornalismo da PUCRS. Por causa dessa defasagem do tempo, é claro que alguns dados estão errados. Atualmente, ela não precisa passar o tempo se distraindo na internet, por exemplo. Vocês sabem que, agora, a Pati trabalha comigo na Secretaria Estadual da Saúde.
Mas o que vale é a história, que felizmente terminou com uma final feliz em que eu fui o maior beneficiado já que conquistei uma namorada maravilhosa. E não é uma história comum. Não é qualquer um que supera o que a Pati passou. Vocês logo entenderão porque amo tanto a Pati e por isso estou tão feliz ao lado dela. Aí está o texto (e parabéns ao Reinaldo pela sensibilidade):


Um novo começo

Reinaldo Fontes

O dia 04 de maio de 2009 vai ficar marcado para sempre na vida de Patrícia Gross Jacoby. O que era para ser uma segunda-feira monótona e tranquila, como todas as outras, antecedidas pelo tão aguardado final de semana, transformou-se em episódio marcante para a bela moça de 30 anos. Após um domingo de dores na cabeça e nas costas, as quais poderiam ser explicadas pelas festas dos dois dias anteriores, ela levantou para o trabalho indisposta. As horas seguintes seriam inexplicáveis, já que Patrícia entrou em coma, sem motivo aparente, surpreendendo os médicos do Hospital São Lucas.

Inicialmente, eles acharam que se tratava de uma meningite, diagnóstico pouco conclusivo para os 89 dias seguintes que a gaúcha passaria inconsciente. Recém-formada em Relações Públicas, com emprego na área do marketing e namorando, Patrícia não tinha nenhum histórico de doenças que pudesse explicar o ocorrido, o que desafiava, dia após dia, o conhecimento que os médicos procuravam, em vão, em seus seis anos de graduação. Em meio a avalanche de incertezas e questionamentos estava a família da moça, munida de fé e perseverança.

Nem mesmo a troca de hospital fez surgirem as respostas para aquele caso intrigante e os dias foram passando. Ao pé da cama da jovem estava o namorado, para acompanhar o sono profundo de Patrícia. O mesmo ritual ele repetiu nas 90 noites do período, dormindo em pé, inclusive, quando não havia lugar para repousar. Dona Olva, vó de Patrícia - juntamente com sua mãe, Mara, e a irmã, Carol - se instalara em Porto Alegre dois meses antes, em mudança. A senhora, simpática e sorridente, foi mais uma a se juntar ao drama da neta.

Durante o tratamento, e equipe médica teve duas certezas. A primeira delas, é que Patrícia, numa escala de 1 a 15 para o coma, na qual zero é falecimento e 15 é o despertar, estava no 3. A segunda, não menos preocupante, é que a moça produzira anticorpos contra si, inutilizando, portanto, os medicamentos que recebia. A tristeza no quadro clínico ficara descrita não só na aparência da equipe médica, mas em suas palavras. Os médicos já estavam entregando os pontos e coube à família manter a motivação deles. O mesmo pessimismo foi ainda mais claro no comunicado da psicóloga, que no seu dever de acompanhar o processo com a família, pediu aos parentes que esperassem o pior.

No entanto, naquela mesma noite, quando tudo conspirava contra a vontade indireta de Patrícia de lutar pela vida, ela mesmo tratou de avisar a todos que não se entregaria. No mesmo dia em que a psicóloga havia dito para todos perderem as esperanças Patrícia mexeu a face. Foi o primeiro passo para a redenção da moça. O suficiente para renovar qualquer esperança abalada.

Pouco depois, como um bebê que vem ao mundo, ela abriu os olhos. A recuperação, no entanto, passaria pela eliminação de sequelas, a maior delas até então, a incapacidade de andar. Patrícia despertou, mas seu cérebro ainda precisava voltar à vida. Na readaptação, o desafio de voltar a falar e a locomoção. Com as sessões de fonoaudiologia a voz ganhou sentido novamente. O tempo da inconsciência deixou fracas as pernas de Patrícia, foi então que ela iniciou o processo fisioterápico que se estende até hoje.

Em meio aquele turbilhão de informações provenientes do despertar, duas coisas chamaram sua atenção. A primeira delas, o gosto de uma sopa instantânea levada no hospital pela irmã. Por mais simples que parecesse, deixou Patrícia coberta de alegria, já que anteriormente ela só se alimentara através da sonda. Longe de suas mais importantes impressões na ‘volta ao mundo”, uma curiosidade: Michael Jackson havia falecido.

A volta para casa demorou, mas enfim aconteceu. Cercada de cuidados de seus entes queridos, Patrícia deu início à recuperação que sempre soube ser possível. O namorado esteve junto por mais um ano, até que ela tomou a decisão de pedir que ele seguisse a vida. Nesse momento, a cadeira de rodas tornou-se um desafio, uma separação mais dolorosa.

Para acelerar o processo, ela teve que passar por uma cirurgia de alongamento dos tendões, já que não conseguia apoiar a sola dos pés no chão. A partir daí, três sessões diárias de fisioterapia viraram rotina: uma profissional; outra com a mãe, que com os conhecimentos adquiridos por meio da observação se tornou quase uma fisioterapeuta; e outra espontânea, na qual Patrícia desempenha regularmente exercícios físicos sem nenhuma ajuda.

A certeza de que voltará a andar está sempre com ela, como um amuleto. Desde 2011, Patrícia já dá seus primeiros passos com auxílio de um andador. Também consegue ficar de pé por vários minutos. No computador ela passa boa parte do tempo, se distraindo. Das redes sociais preferiu ficar de fora, para não se sentir desestimulada. Na cabeça, saudades de ir à praia e o desenho de uma vida nova que logo ela terá. No passado, a certeza de que não há motivo para cultivar insegurança por coisas fúteis.

Patrícia não quer ver o tempo passar lentamente, sabe que é uma vencedora e correrá atrás de seus sonhos. Valoriza as pessoas que a acompanham, o poder da vontade e a evolução contínua de seus passos. Leva de sua experiência um longo aprendizado, ato do destino. Um sono prolongado que a fez, sem aparente explicação, não deixar nada para amanhã.


terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Minha mãe

Meu Povo, hoje a minha mãe faz 68 anos e nunca escrevi nada pra ela (ou sobre ela) aqui no blog. Provavelmente, ela nunca lerá porque não é adepta da internet (e acho que eu também não terei a coragem de mostrá-lo) mas escreverei mesmo assim. E é muito simples o que escreverei.
Como não amar a mulher que atravessava a cidade de ônibus comigo no colo (e essa cidade era São Paulo, viu gente?) para me levar nas consultas na AACD?
Como não amar a mulher que me acompanhou em todas as cirurgias fossem elas nas pernas; nos olhos ou de adenóide e amígdalas?
Como não amar a mulher que me incentivou e me fez me apaixonar pela leitura?
Como não amar a mulher que encontrou a fisoterapeuta que melhorou a minha condição de vida?
Como não amar a mulher que me incentivou a fazer concursos e que, indiretamente portanto, garantiu os empregos que tive até hoje?
Como não amar a mulher que, até hoje (já tenho 40 anos, vocês sabem) me dá casa, comida e roupa lavada?
Como não amar a mulher que, até hoje, deixa um pedaço de mamão cortado todas as manhãs para mim porque não tenho coordenação motora para fazê-lo?
Preciso dizer que amo a minha mãe?






segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Mais um texto do Jorge Amaro publicado no Correio do Povo

Meu Povo, ajudei o Jorge Amaro a publicar mais um artigo no Correio do Povo. Desta vez, ele não fala diretamente das pessoas com deficiência mas trata de preconceito. Vale a pena conferir. O texto é este:

 
                                           Sobre faxineiras e preconceito

Os tempos atuais exigem de nós um repensar. E, além disso, novas formas de agir. A cultura e a história nos transformam e nos ressignificam todo tempo e o tempo todo. Novos e velhos conceitos se apoderam de nossas convicções que jamais serão as mesmas.

Há alguns fatos que nos instigam reflexões. O que leva as pessoas a serem preconceituosas? Como explicar o caso de racismo contra o jogador Tinga no Peru? E ouvir de um deputado federal que quilombolas, gays e lésbicas são tudo o que não presta? São exemplos da contemporaneidade que nos mostra o quanto ainda está enraizado na sociedade o principio da supremacia da opressão para justificar o preconceito.

Sim, há ainda aqueles que acreditam numa concepção de um mundo dividido entre superiores e inferiores. E cor da pele, gênero, opção sexual são alguns atributos considerados rebaixados. A história fez isso. E setores menos progressistas insistem em perpetuar esta história.

Hoje, milhões de filhos das faxineiras, por conta do conjunto de mudanças nas políticas de acesso à educação superior, adentram numa nova ordem social. E ao mesmo tempo, encaram o preconceito em suas mais diferentes facetas. Tinga disse, em entrevista, que você o percebe no olhar. Sua mãe faxineira foi o que o inspirou a ser melhor. Não há falta de dignidade em ser faxineira mas sempre, mesmo que indiretamente, questionamos, pois nós sempre vimos nossas mães negras, em sua grande maioria, como faxineiras. Por que elas não poderiam ser médicas, professoras ou arquitetas? A vida nos mostrava o quanto havia por ser reparado.

Não podemos tolerar nenhuma forma de discriminação. Quem ataca um negro, fará o mesmo com um homossexual, uma mulher ou com uma pessoa com deficiência. A defesa da dignidade humana passa por profundas mudanças na sociedade. E neste aspecto, duas questões são fundamentais. A primeira é a reparação, reconhecendo a necessidade de dar a estes grupos discriminados, igualdade de oportunidades no acesso aos seus direitos. E a segunda, é a criminalização e punição enérgica de toda forma de preconceito. Construiremos um país e um mundo melhor, quando formos capazes de reconhecer a diversidade em todas as suas cores. Como disse o escritor da natureza Henry Thoreau, nunca é tarde para abrirmos mãos dos nossos preconceitos. Só para registro, sou negro, quilombola e filho de faxineira. E com orgulho!

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Depois Daquele Dia

Minha gente, este é o nome do livro que acabei de ler e me apaixonei. Quem já leu bastante coisa aqui do blog, sabe que sou fanzão da Mara Gabrilli. Sempre digo que foi ela que me despertou para essa questão da defesa dos direitos da pessoa com deficiência (http://blogdaacessibilidade.blogspot.com.br/2010/03/mara-gabrilli.html).
Depois, em 2012, tive o prazer de conhecê-la pessoalmente aqui em Porto Alegre dar uma palestra: http://blogdaacessibilidade.blogspot.com.br/2012/05/sonho-realizado.html .
Li e recomendo o livro Íntima Desordem, com os melhores artigos da Mara na revista TPM. Mas a surpresa mais agradável veio mais tarde: mandei o livro para a Mara e ela me devolveu autografado com a boca. Fiquei super feliz e emocionado.
O Depois Daquele Dia conta, com riqueza de detalhes, a vida dela e confirma tudo o que eu pensava da Mara: ela é intensa; dinâmica; amorosa; agradável; corajosa. Em tudo que se envolve, o faz com muita paixão. Ela sempre gostou de correr riscos.
E o livro está muito bem escrito pela Milly Lacombe. Aliás, teve momentos em que fiquei em dúvida se a Mara é uma ótima contadora de histórias; se as histórias são boas ou se a Milly retratou bem os fatos. Às vezes, deu a impressão de que foi a própria Mara que escreveu o livro porque você realmente "entra" na história, participa dela. Fazia tempo em que eu não lia uma obra que não dava vontade de largar. Eu lamentava quando, por algum motivo, tinha que interromper a leitura e guardar o livro. A história da Mara foi uma grande companheira nessas últimas semanas.
Evidentemente, eu recomendo a leitura do "Depois Daquele Dia". Se ele não transformar a sua vida (e poucos conseguem isso), pelo menos você ficará com vontade de mudá-la. 

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Greve dos rodoviários em Porto Alegre- parte final e vistoria no Beira Rio

Minha gente, felizmente a greve dos rodoviários de Porto Alegre acabou ontem. O Tribunal Regional do Trabalho julgou o dissídio coletivo e deu ganho de causa para os trabalhadores em todas as causas e a categoria mostrou a sua força. Mas espero que não tenhamos outra greve dessas porque traz transtornos para toda a população.
O curioso é que conversei com alguns profissionais da Carris e eles mesmos acharam a greve longa demais. Vai entender...
Com relação a vistoria que aconteceu ontem no Beira Rio para averiguar a acessibilidade (http://blogdaacessibilidade.blogspot.com.br/2014/02/o-novo-beira-rio-nao-tem-acessibilidade.html), o resultado foi extremamente lamentável. A direção do Inter disse que não tomará qualquer atitude até o final da Copa do Mundo para mudar o local destinado às PcDs. Acredito que eles tenham medo de que o Corpo de Bombeiros não dê o PPCI (Plano de Prevenção contra Incêndios) e o Beira Rio perca o direito de sediar os jogos da Copa.
Só podemos lastimar esta postura desse time que se intitula Clube do Povo mas que segrega as pessoas com deficiência. 

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

O novo Beira Rio não tem acessibilidade plena

Minha gente, tem acompanhado essa discussão nas redes sociais sobre a acessibilidade do novo Beira Rio há algum tempo. As pessoas com deficiência (PcDs) reclamam que os lugares destinados a nós estão atrás das linhas de fundo. Falei com o meu amigo Javel, que trabalha na Secretaria Estadual da Copa, e ele disse que foi destinado este espaço por ser o mais fácil para evacuação das PcDs já que não tem rampas. O Luiz Portinho, cadeirante e presidente do RS Paradesporto, fez um artigo claro sobre esta questão. Detalhe: o Portinho é colorado.
Hoje à tarde, tem vistoria no Beira Rio com a presença do Corpo de Bombeiros para verificar esse assunto e as pessoas com deficiência prometem pressionar. O artigo é este:

              
                                         Falta de acessibilidade no Beira Rio

Na última quarta-feira, dia 12 de fevereiro, estiveram reunidos, na sede do Ministério Público, o Presidente do Sport Club Internacional Giovanni Luigi, membros dos Ministérios Públicos Estadual e Federal e representantes das Associações RS Paradesporto e ASASEPODE (Associação de Servidores da Área de Segurança Portadores de Deficiências), bem como do Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência.

O objetivo era a assinatura do TAC da Acessibilidade (Termo de Ajustamento de Conduta) que fora fruto de mais de dez meses de reuniões e negociações em inquéritos que tramitam perante o órgão ministerial. Mas o Presidente do Inter, em que pese estar com o TAC há mais de dois meses em sua mesa, negou-se a assiná-lo, alegando que o Corpo de Bombeiros não concederia o PPCI ao Beira Rio caso o fizesse.

Ficou designada, então, vistoria no estádio, para esta segunda-feira, às 15 horas, com a presença do Corpo de Bombeiros, com a finalidade de averiguar questões de segurança relativas às cláusulas de acessibilidade lançadas no TAC.

Não há dúvidas que se trata de mais uma artimanha protelatória lançada pela Direção do Inter, tendo em vista que o Corpo de Bombeiros estava presente na penúltima reunião realizada nos inquéritos, quando se chegou à redação final do TAC da Acessibilidade. É dizer: o acordo foi concluído, com a presença e o respaldo dos integrantes da Corporação Militar.

Enfim, é profundamente lamentável a situação que hoje vivemos. O clube insiste que é nobre sua postura de construir um único local, de péssima visibilidade, sujeito a intempéries e fora da área de proteção da cobertura. Todavia, não bastasse os incômodos da visibilidade e falta de proteção, esse procedimento configura segregação (pessoas com deficiência num único lugar) e já foi devidamente rechaçado tanto por nossa legislação como também pelo próprio Caderno de Encargos da FIFA.

Não há mais campo para negociações, reuniões ou vistorias. O TAC da Acessibilidade que, diga-se, possui exigências muito mais brandas que aquelas da legislação federal aplicável ao tema, deve ser imediatamente assinado pelo Presidente do Inter.

De toda forma, nesta segunda, às 15 horas, estaremos no Gigante da Beira Rio, para demonstrar aos senhores dirigentes do Sport Club Internacional que suas manobras protelatórias não vingarão.



   

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Reescrevendo a minha própria história...

Meu povo, outro dia, pedi aos meus amigos do facebook para que acessassem o post em que eu contei a história da minha vida pois era o único texto entre os dez mais visitados que não tinha chegado à marca de 100 visualizações. O objetivo foi alcançado com sobra mas aí eu me dei conta de que aquele texto estava completamente desatualizado. Primeiro, porque tinha fatos desatualizados mesmo. Segundo, porque tinha opiniões que eu tinha mudado de lá para cá. E terceiro, porque tinha coisas que podiam ser melhor contadas. Então, vai o texto novo:

               Tenho 40 anos e nasci em Lins, no interior de São Paulo. A minha paralisia cerebral ou foi de nascença ou decorrente de uma otite (inflamação no ouvido) aos 3 meses de idade. Tenho alguns problemas na parte motora e de equilíbrio. Digo que sou lento para tudo: para comer; para tomar banho; para trocar de roupa; escrever, etc.
Eu morava em São Paulo, Capital, quando tinha uns seis meses e meus pais desconfiaram de que eu não ficava firme e nem fazia os movimentos normais de um bebê desta idade. Me levaram na AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente) e lá foi diagnosticada a minha paralisia cerebral. Felizmente, tive muito apoio da família. Eles sempre me incentivaram. Com relação a educação, eles eram criteriosos na escolha das escolas. Aliás, eu cresci numa época em que as crianças eram bem educadas. Portanto, nunca tive muitos problemas de preconceito na infância. Os meus amigos e colegas de sala de aula não faziam essa distinção e sempre me trataram de igual para igual.
Fiz algumas cirurgias durante até os 13 anos. Operei as pernas; olhos; adenoide e amígdalas. A mais marcante foi em 84, quando precisei ficar quase 70 dias com gesso em quase todo corpo. Foi difícil mas a solidariedade dos meus amigos, que vinham em casa para brincar comigo, foi fundamental ( um Atari que ganhei de presente nessa época facilitou tudo). Tenho muitas saudades da infância porque considero que foi a  fase mais feliz da minha vida. Depois dessa cirurgia, que não deu o resultado esperado, busquei atendimento fisioterápico particular e descobri a Denise Barth, profissional que está comigo há quase 30 anos.
Sempre adorei esportes e meus professores de educação física perceberam isso. Na pré-escola, fiz judô. Na escola, se eu não podia correr durante o futebol, jogava de goleiro. Dessa paixão por esportes, surgiu a minha profissão: jornalismo. No começo da adolescência, decidi que ia trabalhar com jornalismo esportivo.
Também cheguei ao jornalismo devido a minha outra grande paixão, que é a leitura. Sempre digo que foi a melhor coisa que aprendi na vida. Dela, vem quase toda a sua bagagem intelectual e cultural. Leio muito. Em qualquer folga do meu dia, estou lendo: livros; revistas; jornais, etc.
Mas, infelizmente, trabalhei muito pouco com jornalismo esportivo. Para compensar, passei num concurso e trabalho há quatro anos e meio na assessoria de comunicação social da Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul. Estou feliz porque tenho a estabilidade do serviço público.
Com relação ao movimento das pessoas com deficiência (PcDs), confesso que era um alienado nessa questão. Até que, lendo uma revista Época há alguns anos, eu descobri a, hoje, deputada federal Mara Gabrilli. Comecei a acompanhar o seu programa de rádio, que fala basicamente sobre PcDs, Derrubando Barreiras. Antes, quando eu tropeçava e caía nas ruas, nunca parei para pensar quem tinha feito as calçadas ou se elas podiam ser trocadas. Aprendi um monte de coisas ali. Outra pessoa de suma importância nessa história é a Juliana Carvalho, que me inseriu no movimento das pessoas com deficiência aqui no Rio Grande do Sul. Felizmente, fiz muitos amigos de fé nessa área como a Liza e o Jorge Amaro. 
Em 2010, pensei em ser candidato a vereador de Porto Alegre pelo PSOL mas desisti por questões econômicas. Analisando tudo com mais calma, dou graças a Deus que não fui candidato porque a política é uma área muito difícil. 
O que me motiva a continuar nessa luta pela pessoa com deficiência é a necessidade de um mundo mais acessível para todos nós. Para mim, seria muito mais simples só pedir calçadas melhores já que estou empregado e com estabilidade no trabalho. Só que não posso ser egoísta a esse ponto. Felizmente, entre as PcDs, sou um privilegiado por ter um caso mais leve de paralisia cerebral mas tenho que pensar nas pessoas que não tem as mesmas condições que eu. Ainda mais agora que namoro uma cadeirante. Com essas iniciativas, aprendi um monte sobre o universo das pessoas com deficiência. Por isso, brigo, principalmente, por mais espaço na mídia para as PcDs.
Sou uma pessoa alegre e sempre tive muitos amigos. Infelizmente, sempre fui muito medroso para relacionamentos amorosos mas, nesse ano, um fato está mudando profundamente a minha vida. Estou namorando a Patrícia Jacoby, uma pessoa sensacional. Vocês conhecem ela aqui do blog: http://blogdaacessibilidade.blogspot.com.br/2013/11/estou-namorando.html . Estou me sentindo muito feliz; muito leve; muito confiante. 
Estou mudando, as pessoas mais próximas tem notado. Sou uma nova pessoa. Méritos da Pati. Um Gustavo que ainda erra bastante mas um Gustavo melhor.   

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Greve dos rodoviários em Porto Alegre- parte 3

Minha gente, para quem é de fora e acompanha a greve dos rodoviários de Porto Alegre aqui pelo blog, ontem teve assembleia da categoria e foi decidido que os ônibus voltam a circular mas o estado de greve se mantém até a próxima segunda-feira, dia 17, quando, numa reunião, o Tribunal Regional do Trabalho definirá o valor do dissídio coletivo.
Confesso que não sei o que é dissídio coletivo mas, segundo o site Wikipedia, é uma ação ajuizada no Tribunal para solucionar conflitos entre as partes coletivas que compõem uma relação de trabalho.
Realmente, os ônibus voltaram às ruas hoje. Aliás, foi muito curioso ver uma fila de táxis parados já que, nos últimos dias, eles eram um dos principais meios de transportes aqui em Porto Alegre (os taxistas devem estar reclamando da volta dos ônibus). Apesar de ser uma comodidade vir para o trabalho de carro com o meu pai, será ótimo pegar ônibus. Primeiro, porque eu estava sentindo falta de andar pelas ruas ao redor de onde moro. Segundo, porque é sempre constrangedor ter que acordar o pai.
Espero que, na segunda, não volte tudo à estaca zero e a greve realmente acabe porque esta situação está um saco.      

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Morte de Nico Nicolaiewsky

Minha gente, hoje de manhã, morreu o ator e músico gaúcho Nico Nicolaiewsky. Evidentemente, muitos que acompanham não saberão quem é. Famoso no Rio Grande do Sul pelo personagem maestro Pletskaya do espetáculo Tangos & Tragédias, em cartaz desde 1984, Nico foi internado no começo de janeiro. A atual temporada do espetáculo, que ocorreria no Theatro São Pedro, foi cancelada devido ao tratamento do ator, que morreu de leucemia.
Nascido em Porto Alegre, no dia 9 de junho de 1957, Nico Nicolaiewsky criou a comédia musical Tangos & Tragédias há 30 anos junto com o ator Hique Gomez. Na peça, a dupla interpretava artistas vindos de um país imaginário, chamado Sbórnia. Para quem quer ter uma ideia de como era o espetáculo, ali embaixo tem o vídeo. É só clicar e curtir.
Confesso que, na única vez em que vi o espetáculo, não achei muita graça mas faço essa homenagem porque, naquela noite, eles tiveram a preocupação de fazer uma apresentação com audiodescrição, possibilitando às pessoas com deficiência visual ter uma ideia melhor do que estava acontecendo no palco. Achei legal que a apresentação começava dentro do Theatro São Pedro e terminava fora dele. Uma cena que me marcou foi quando uma deficiente visual, a minha amiga Eliane Santiago, pediu para tocar no cabelo de Hique Gomez, no que foi prontamente atendida.
Por ter contribuído com a inclusão das pessoas com deficiência, Nico Nicolaiewsky merece essa minha simples homenagem.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Temos direito, sim!

Minha gente, um dos meus maiores medos desde que eu comecei a trabalhar na Secretaria Estadual da Saúde era conseguir adequar o horário de trabalho com as minhas atividades terapêuticas. Para minha sorte, o meu ponto é assinado e os dois chefes que tive até agora foram parceiros e sempre me incentivaram a cuidar da minha saúde. Ou seja, em quatro anos e meio trabalhando lá, nunca tive problemas com isso.
Descobri uma lei aqui do Rio Grande do Sul que diz pais servidores públicos que tenham filhos com deficiência podem trabalhar metade da carga horária sem prejuízo do salário para que possam cuidar dos filhos mas essa mesma lei não dá direito a servidores com deficiência que precisam de algum tratamento terapêutico. Inclusive escrevi sobre isso aqui no blog: http://blogdaacessibilidade.blogspot.com.br/2013/05/direito-e-incoerencia.html .
Sendo assim, sempre fiquei com a dúvida ainda mais com a chegada da Patrícia: tenho ou não tenho direito a um horário reduzido para essas atividades? Com a ajuda da Mara Gabrilli, mandei um e-mail para a Maria Aparecida Gugel, que é conselheira do Conade (Conselho Nacional da Pessoa com Deficiência); sub-procuradora-geral do Trabalho e uma das maiores autoridades em pessoas com deficiência no Brasil. 
Vejam a resposta dela: "o direito à saúde e reabilitação da pessoa com deficiência tem status de norma constitucional - são os artigos 25 e 26 da Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência.
O Decreto 3.298/99 (http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/dec3298.pdf, artigo 35, § 2o) já tratava da jornada diferenciada para o trabalhador com deficiência - tal decreto continua valendo porque é compatível com a Convenção.
Portanto, basta requerer ao órgão em que você trabalha, comprovando com o laudo médico a necessidade da fisioterapia. Não se trata de favor mas, de direito".
Fiquei muito feliz com essa informação. Posso ficar tranquilo agora. Sei que, para pessoas com deficiência que trabalham na iniciativa privada, isso talvez não tenha muito valor já que muitas empresas não querem sequer cumprir a cota da reserva de mercado mas, para quem tem um emprego público como eu, esse é um baita direito. Vou usá-lo no momento correto.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

17 mil visitas!

Pois é, minha gente! É recorde atrás de recorde. Em janeiro, foram quase 1,9 mil acessos, outro recorde mensal. Tivemos uns textos que foram bem acessados. Por isso, chegamos a 17 mil acessos, o que me deixou muito feliz.
Desse total de visitas, 51,41% são nacionais e 48,59% são internacionais. Os 64 países visitantes são esses: Brasil; Alemanha; Estados Unidos; Rússia; Gana; Letônia; Portugal; República Tcheca; Canadá; Reino Unido; Honduras; Uruguai; Colômbia; Israel; Barbados; Japão; Arábia Saudita; Emirados Árabes; Polônia; Malásia; Nicarágua; Espanha; Senegal; Índia; Austrália; Iraque; Argentina; Nova Zelândia; Chile; Bélgica; Ucrânia; França; Itália; Suécia; Indonésia; Irlanda; Romênia; Turquia; Noruega; Catar; Cabo Verde; Geórgia; México; Paquistão; Estônia; Bulgária; Filipinas; Venezuela; Suíça; Peru; Holanda; Sérvia; China; Hungria; Coréia do Sul; Bielorrússia; Bolívia; Moldávia; Tailândia; Vietnã; Uzbequistão; Equador; Egito e Áustria.
O número de seguidores é exatamente o dobro do número de países visitantes: 128.
Janeiro foi um mês muito legal para o blog. Estamos crescendo. Quem sabe, estou tendo histórias melhores para contar. Ou contando melhor as histórias...

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Greve de ônibus em Porto Alegre- parte 2

Minha gente, hoje teve assembleia dos rodoviários aqui em Porto Alegre e, infelizmente, a proposta apresentada foi recusada. Ou seja, a greve continua.
Quem leu o meu texto anterior sobre esse assunto (http://blogdaacessibilidade.blogspot.com.br/2014/01/greve-de-onibus-em-porto-alegre.html), sabe que sou a favor do direito de greve. Só que eu não acredito que, numa categoria de milhares de profissionais, todos queiram paralisar. Ontem, vi uma reportagem no Jornal da Band em que alguns funcionários da Únibus gostariam de trabalhar mas são impedidos por colegas que apedrejam os ônibus. Isso é inadmissível! Isso é destruir o próprio material de trabalho e um bem da população.
Os rodoviários querem uma solução para a greve? Querem pressionar o patrão? É muito simples fazer isso: liberem as roletas para a população viajar de graça. Aí, os patrões e empresários sentiriam no bolso e negociariam. Seria muito mais inteligente. Além disso, os rodoviários estão desrespeitando uma decisão do Tribunal Regional do Trabalho que considerou a greve ilegal.
Tenho amigos rodoviários (por sentar na frente, converso muito com eles. Alguns são meus amigos no facebook, inclusive) mas, como categoria, perderam totalmente o meu respeito.