quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Reescrevendo a minha própria história...

Meu povo, outro dia, pedi aos meus amigos do facebook para que acessassem o post em que eu contei a história da minha vida pois era o único texto entre os dez mais visitados que não tinha chegado à marca de 100 visualizações. O objetivo foi alcançado com sobra mas aí eu me dei conta de que aquele texto estava completamente desatualizado. Primeiro, porque tinha fatos desatualizados mesmo. Segundo, porque tinha opiniões que eu tinha mudado de lá para cá. E terceiro, porque tinha coisas que podiam ser melhor contadas. Então, vai o texto novo:

               Tenho 40 anos e nasci em Lins, no interior de São Paulo. A minha paralisia cerebral ou foi de nascença ou decorrente de uma otite (inflamação no ouvido) aos 3 meses de idade. Tenho alguns problemas na parte motora e de equilíbrio. Digo que sou lento para tudo: para comer; para tomar banho; para trocar de roupa; escrever, etc.
Eu morava em São Paulo, Capital, quando tinha uns seis meses e meus pais desconfiaram de que eu não ficava firme e nem fazia os movimentos normais de um bebê desta idade. Me levaram na AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente) e lá foi diagnosticada a minha paralisia cerebral. Felizmente, tive muito apoio da família. Eles sempre me incentivaram. Com relação a educação, eles eram criteriosos na escolha das escolas. Aliás, eu cresci numa época em que as crianças eram bem educadas. Portanto, nunca tive muitos problemas de preconceito na infância. Os meus amigos e colegas de sala de aula não faziam essa distinção e sempre me trataram de igual para igual.
Fiz algumas cirurgias durante até os 13 anos. Operei as pernas; olhos; adenoide e amígdalas. A mais marcante foi em 84, quando precisei ficar quase 70 dias com gesso em quase todo corpo. Foi difícil mas a solidariedade dos meus amigos, que vinham em casa para brincar comigo, foi fundamental ( um Atari que ganhei de presente nessa época facilitou tudo). Tenho muitas saudades da infância porque considero que foi a  fase mais feliz da minha vida. Depois dessa cirurgia, que não deu o resultado esperado, busquei atendimento fisioterápico particular e descobri a Denise Barth, profissional que está comigo há quase 30 anos.
Sempre adorei esportes e meus professores de educação física perceberam isso. Na pré-escola, fiz judô. Na escola, se eu não podia correr durante o futebol, jogava de goleiro. Dessa paixão por esportes, surgiu a minha profissão: jornalismo. No começo da adolescência, decidi que ia trabalhar com jornalismo esportivo.
Também cheguei ao jornalismo devido a minha outra grande paixão, que é a leitura. Sempre digo que foi a melhor coisa que aprendi na vida. Dela, vem quase toda a sua bagagem intelectual e cultural. Leio muito. Em qualquer folga do meu dia, estou lendo: livros; revistas; jornais, etc.
Mas, infelizmente, trabalhei muito pouco com jornalismo esportivo. Para compensar, passei num concurso e trabalho há quatro anos e meio na assessoria de comunicação social da Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul. Estou feliz porque tenho a estabilidade do serviço público.
Com relação ao movimento das pessoas com deficiência (PcDs), confesso que era um alienado nessa questão. Até que, lendo uma revista Época há alguns anos, eu descobri a, hoje, deputada federal Mara Gabrilli. Comecei a acompanhar o seu programa de rádio, que fala basicamente sobre PcDs, Derrubando Barreiras. Antes, quando eu tropeçava e caía nas ruas, nunca parei para pensar quem tinha feito as calçadas ou se elas podiam ser trocadas. Aprendi um monte de coisas ali. Outra pessoa de suma importância nessa história é a Juliana Carvalho, que me inseriu no movimento das pessoas com deficiência aqui no Rio Grande do Sul. Felizmente, fiz muitos amigos de fé nessa área como a Liza e o Jorge Amaro. 
Em 2010, pensei em ser candidato a vereador de Porto Alegre pelo PSOL mas desisti por questões econômicas. Analisando tudo com mais calma, dou graças a Deus que não fui candidato porque a política é uma área muito difícil. 
O que me motiva a continuar nessa luta pela pessoa com deficiência é a necessidade de um mundo mais acessível para todos nós. Para mim, seria muito mais simples só pedir calçadas melhores já que estou empregado e com estabilidade no trabalho. Só que não posso ser egoísta a esse ponto. Felizmente, entre as PcDs, sou um privilegiado por ter um caso mais leve de paralisia cerebral mas tenho que pensar nas pessoas que não tem as mesmas condições que eu. Ainda mais agora que namoro uma cadeirante. Com essas iniciativas, aprendi um monte sobre o universo das pessoas com deficiência. Por isso, brigo, principalmente, por mais espaço na mídia para as PcDs.
Sou uma pessoa alegre e sempre tive muitos amigos. Infelizmente, sempre fui muito medroso para relacionamentos amorosos mas, nesse ano, um fato está mudando profundamente a minha vida. Estou namorando a Patrícia Jacoby, uma pessoa sensacional. Vocês conhecem ela aqui do blog: http://blogdaacessibilidade.blogspot.com.br/2013/11/estou-namorando.html . Estou me sentindo muito feliz; muito leve; muito confiante. 
Estou mudando, as pessoas mais próximas tem notado. Sou uma nova pessoa. Méritos da Pati. Um Gustavo que ainda erra bastante mas um Gustavo melhor.   

2 comentários:

  1. Parabéns pelo texto rapaz...vc é o cara...e casa logo viu pra gente festá...abração

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    1. Muito obrigado pelo elogio, Wagninho! E quem sabe, um dia, esse casamento acontecerá...

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