quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Diário da Conferência de Brasília

Agora que já escrevi um post dando um resumo da conferência, posso falar dela com mais calma. Sabem como é, mania de jornalista. Não posso deixar esfriar o fato. Então, vamos contar o dia a dia do evento...

Depois de uma viagem tranquila mas cansativa no domingo (foram quatro horas esperando conexão em Congonhas), chegamos no hotel e só tinha um funcionário para fazer a separação dos quartos. Resultado: mais uma longa espera. Pelo menos, botaram o Gre-Nal na televisão para nós assistirmos. Para piorar, me dei mal na divisão dos quartos pois estava previsto para eu ficar com uma colega e me botaram com o Edi, o tio Sukita.

Na segunda pela manhã, fomos ao local do evento (muito bem organizado, por sinal) para fazer o credenciamento e receber parte do material (na verdade, nesta hora, só recebemos a camiseta). Tinha a tenda (vejam as fotos no meu facebook), onde recebíamos esses materiais e eram realizadas as atrações culturais, e o centro de eventos, onde eram realizados os trabalhos (palestras, discussões e plenárias, além da abertura da conferência).

Aí, começamos a correr atrás de um city tour para fazer por Brasília. E não foi fácil. Começamos a especular de manhã mas demoramos tanto para conseguir alguém que resolvemos almoçar e deixamos esse assunto para tarde. Almocei com o pessoal do Ceará (que também tinha a mesma intenção que eu) e acabei conhecendo um pessoal maravilhoso: Markus, Tarcísio, Katiuscia, Maria Luiza, Renatinha, Giselda, entre outros. Um pessoal caloroso e divertido.

O city tour foi ótimo mas deixarei vocês na curiosidade. Falarei sobre Brasília e seus pontos turísticos em outro post.

Voltamos do passeio para a abertura, que atrasou bastante. Na abertura, um monte de gente na mesa mas as mais importantes eram Gleisi Hoffmann, ministra-chefe da Casa Civil; Tereza Campello, ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Maria do Rosário, Ministra da Secretaria dos Direitos Humanos; Moisés Bauer, presidente do Conade (Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência) e Antonio José Ferreira, secretário nacional de Promoção dos Direitos da PcD. Gostei da fala da Gleisi, que me pareceu inteirada das nossas necessidades.

Depois da janta, um momento mágico: show dos Paralamas do Sucesso. Que showzaço! Eles não perdem o pique nunca, mantem a apresentação sempre em alto astral. E o legal foi poder ver tudo isso de perto, sentado. Também é digno de registro o fato do show ter dois intérpretes de libras.

Na manhã seguinte, outro grande momento da Conferência: o discurso da Presidente Dilma Rousseff. Ao contrário do que foi veiculado na imprensa e as pessoas acabaram pensando, Dilma não foi vaiada quando nos chamou de portadores de deficiência. O que houve foram apenas apupos no sentido de chamá-la a atenção. Tanto as vaias não aconteceram que o discurso terminou no maior clima eleitoral com gritos de “olê, olê, olá Dilma, Dilma”. Aliás, os participantes do evento ficaram indignados com o que saiu na imprensa.

Á tarde, aconteceu a parte que muitos delegados não gostam: a votação do regimento interno da conferência, onde o povo quer discutir até as vírgulas do texto. No final dessa tarde, começamos a se dividir nos grupos. É óbvio que fui para o grupo da comunicação. Primeiro, vieram as palestras. Num primeiro momento, falas de bom nível mas os palestrantes tiveram que ir embora mais cedo. Depois, botaram uma deficiente auditiva severa para palestrar e aí tivemos dificuldade para entender. A última menina que palestrou falou muito rápido. Saímos um tanto frustrados.

No outro dia de manhã, discutimos as propostas para levar para a plenária final. Como eram poucas propostas (além de serem repetidas e mal escritas) e um número pequeno de participantes, terminamos rápido o serviço. Consegui mudar uma proposta do Paraná que pedia close caption (legendas) na TV. Eles separam por segmento: novela; programas; filmes; jornais e seriados. Só que, fazendo desta maneira, eles excluiriam, por exemplo, a programação esportiva. Então, uniformizei o discurso: closed caption em toda a programação das redes de TV aberta e a cabo. Minha ideia passou com total apoio.

Á tarde, depois de um pequeno temporal, fui na Torre da TV junto com a Marliene ver a paisagem de Brasília.

Na plenária final, eram mais de 400 propostas, além de 120 moções. Como era muita coisa, não foram aceitos “retoques” no texto, o que gerou protestos. Ou se aprovava a proposta ou se descartava-a por completo. A plenária começou super atrasada e com confusão: um senhor quis ir em direção a mesa organizadora aos berros por causa da mudança no regimento mas foi contido. Quando era pedido um destaque, a gente votava num aparelhinho que lembra àquele utilizado no Faustão para a Dança dos Famosos ou Se Vira nos 30 o que faríamos com a proposta. Tudo muito cansativo até que sair para dar uma caminhada e aconteceu aquele episódio com o Moisés Bauer referido no post anterior: http://blogdaacessibilidade.blogspot.com.br/2012/12/3-conferencia-do-direitos-da-pessoa-com.html . Aí desanimei de vez.

A melhor coisa dessa conferência foi a organização e o pessoal de apoio. Eram, na sua maioria, jovens, extremamente treinados e sabiam lidar com a PcD. Prestativos, tinham a iniciativa de nos atender. Sempre vinham até a gente. Só para contar duas historinhas rápidas. Na última noite, fui jantar e o restaurante estava relativamente vazio. Peguei um prato e fui me servir. Nesse meio tempo, três pessoas do apoio vieram se oferecer para me servir ou para carregar meu prato. Fantástico! Depois, fui descer uma escada pelo corrimão e um menino veio correndo para ajudar. Fiz amizade com alguns do apoio e falo com algumas dessas meninas pelo facebook. Saudades!

A atuação da delegação do Rio Grande do Sul foi aquilo que normalmente se espera dos gaúchos: um povo guerreiro, dedicado e qualificado. A gauchada lutou até o fim para conquistar os seus objetivos. E, como sempre, formou uma família.

Na volta, entrei logo no ônibus que nos levaria de volta ao aeroporto. Quando fui pegar a minha mala para despachar, cadê a querida? Só sobrou uma mala do pessoal de Carazinho (tinha um selo identificando). E para achar a pessoa? Foi um suplício! Há quase duas horas em pé e cansado, já estava pensando em despachar aquela mala mesmo e desfazer a confusão quando chegasse em Porto Alegre. Até que, aos 45 do 2º tempo, encontraram a “ladra” da mala: a Neli. Detalhe: a minha mala era bem menor e tinha um laço exatamente para identificar. Mas, como diz o ditado, desgraça pouca é bobagem. Como estava com as pernas pesando uma tonelada cada uma, quis aproveitar ao máximo antes do voo para ficar sentado. Quando estava pensando em entrar no avião, veio um aviso de que um deficiente visual tinha esquecido uma mochila que ganhamos na conferência no Raio X. Como não adianta pedir para um cego correr atrás disso e como eu era o último a entrar no avião, lá foi o bobo aqui correr atrás da tal mochila. Quando cheguei no Raio X, uma mulher já tinha pego a mochila. E a minha “felicidade” só aumentava.

Quando entrei no avião, uma das nossas colegas de delegação pegou o meu lugar para ficar ao lado da irmã cega. Não bastasse o fato dela não ter permitido permissão para isso, ela me entregou as passagens das duas e pediu para eu procurar a aeromoça para conseguir um lugar para mim. Como se dissesse “te vira”. Para terminar, no final da viagem, ela ainda ficou tirando sarro com piadinhas do tipo “pelo menos, a aeromoça não te botou no bagageiro”. É dose!

Mas para terminar este relato de viagem, posso dizer que o saldo foi extremamente positivo. Como disse no post anterior, o nível do evento poderia ter sido melhor mas fiz muitos amigos e adquiri conhecimento. No próximo tópico, falo sobre Brasília.











6 comentários:

  1. Olá colega conferencista, sou de Registro-SP... Legal ver pontos de vista acerca da Conferência diferentes dos meus. Eu tb estava no eixo comunicação e lembrei de seu destaque para a modificação a respeito do closed-caption. Parabéns pelo relato, muito descontraído e lamento discordar, o show do paralamas foi bom pq as músicas são parte do nosso patrimônio cultural,porém... nada disseram além das músicas. Num evento como o nosso, poderiam ser mais humanos, como foram os da Tribo de Jah que vc não mencionou. Um abraço!

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    1. Eu tb estava nesse eixo. Legal relembrar vcs. Abraço.

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    2. E foi ótimo ter o teu prestígio no meu blog, Ronaldão! Muito obrigado.
      Abração!

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  2. Debora, obrigado pelo prestígio.
    Não citei a Tribo de Jah porque não fui no show deles. O cansaço me pegou aquele dia.
    Você é de Registro e eu nasci em Lins. Conhece?
    Grande beijo!

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  3. Ola sou do MT e acho que nãoo conversammos durantte a Conferencia, mas concordo que as discussoes poderiam ter sido mmelhores e acredito que a organizaççãoo tambem,, ppois enquuanntoo discutiaamos as propostass aconteciamm oficinas sobre temas interessantes. Confesso quuee fiquueii decepciioonadda quando sooubbe que pouca fforçça terao nnossas ppropostas nos Ministerios. Senti falta tambem de formularios que pudessemos avaliar o evento e dar sugestoes. Bom só quis complementar suua publicaçção.
    Meu face Danielle Marla

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  4. Dani, obrigado pelas sugestões. Principalmente a dos formulários para avaliarmos o evento. Muito boa ideia. Aliás, eles poderiam ter feito isso depois do evento mesmo, por e-mail.

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