quinta-feira, 5 de julho de 2012

Minha História

Apesar do blog ser meu e eu contar as minhas iniciativas no movimento das pessoas com deficiência, eu nunca contei com maiores detalhes o que aconteceu e acontece comigo, o que penso, etc. Há algum tempo o site PCD Brasil (www.pcdbrasil.com.br) me pediu um depoimento mais ou menos dessa forma. Juntando estas duas coisas, escrevi este texto que estou dividindo com vocês abaixo:


Meu nome é Gustavo Trevisi do Nascimento e tenho 39 anos. A minha paralisia cerebral ou foi de nascença ou decorrente de uma otite (inflamação no ouvido) aos 3 meses de idade. Tenho alguns problemas na parte motora e de equilíbrio. Digo que sou lento para tudo: para comer; para tomar banho; para trocar de roupa; para escrever, etc.
Sou paulista, morava em São Paulo, Capital, quando tinha uns seis meses e meus pais desconfiaram de que eu não ficava firme e nem fazia os movimentos normais de um bebê desta idade. Me levaram na AACD e lá foi diagnosticada minha paralisia cerebral. Felizmente, tive muito apoio da minha família. Eles sempre me incentivaram. Com relação a minha educação, eles eram criteriosos na escolha das escolas. Aliás, eu cresci numa época em que as crianças eram bem educadas. Portanto, nunca tive muito problemas de preconceito na infância. Os meus amigos e colegas de sala de aula não faziam essa distinção.
Fiz algumas cirurgias durante até os 13 anos. Operei as pernas; olhos; adenoide e amígdalas. A mais marcante foi em 1984, quando precisei ficar 70 dias com gesso em quase todo corpo. Foi difícil mas a solidariedade dos meus amigos, que vinham em casa para brincar comigo, foi fundamental. Tenho muitas saudades da infância, fase mais feliz da minha vida. Depois dessa cirurgia, que não deu o resultado esperado, busquei atendimento fisioterápico particular e descobri a Denise Barth, profissional que está comigo há 27 anos.
Sempre adorei esportes e meus professores de educação física perceberam isso. Na pré-escola, fiz judô. Na escola, se eu não podia correr durante o jogo de futebol, jogava de goleiro. Dessa paixão por esportes, surgiu a minha profissão: jornalismo. No começo da adolescência, decidi que ia trabalhar com jornalismo esportivo. 
Também cheguei ao jornalismo devido a minha outra grande paixão, que é a leitura. Sempre digo que foi a melhor coisa que aprendi na vida. Dela, vem quase toda a sua bagagem intelectual e cultural. Em qualquer folga do meu dia, estou lendo: livros; revistas; jornais, etc. 
Mas, infelizmente, trabalhei muito pouco com jornalismo esportivo.
Para compensar, passei num concurso e hoje trabalho na assessoria de comunicação social da Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul. Estou feliz porque tenho a estabilidade do serviço público.
Com relação ao movimento das pessoas com deficiência, confesso que era  um alienado nessa questão. Até que, lendo uma revista Época, eu descobri a, hoje, deputada federal Mara Gabrilli. Comecei a acompanhar o seu programa de rádio, que fala basicamente sobre PcDs, Derrubando Barreiras. Antes, quando eu tropeçava e caía nas ruas, nunca parei para pensar quem tinha feito as calçadas ou se elas podiam ser trocadas. Aprendi um monte de coisas ali. Outra pessoa de suma importância nessa história é a Juliana Carvalho, que me inseriu no movimento das pessoas com deficiência aqui no Rio Grande do Sul e se tornou minha amiga. Neste ano, pensei em ser candidato a vereador de Porto Alegre pelo PSOL mas desisti por questões econômicas.
O que me motiva a continuar nessa luta é a necessidade de um mundo mais acessível para todos nós. Para mim, seria muito mais simples só pedir calçadas melhores já que estou empregado e com estabilidade no trabalho. Só que não posso ser egoísta a esse ponto. Felizmente, entre as PcDs, sou um privilegiado por ter um caso mais leve de paralisia cerebral mas tenho que pensar nas pessoas que não tem as mesmas condições que eu. Com essas iniciativas, aprendi um monte sobre o universo das pessoas com deficiência. Por isso, brigo, principalmente, por mais espaço na mídia para as PcDs.
Sou uma pessoa alegre e sempre tive muitos amigos mas, hoje em dia, sinto falta de ter uma namorada. Estou precisando de uma companhia com a qual possa dividir meu crescimento, minhas alegrias e tristezas.
Tenho um blog para tratar dessas minhas iniciativas na área das pessoas com deficiência chamado Blog da Acessibilidade: http://blogdaacessibilidade.blogspot.com.br/ e o meu email é: gutrevisi@hotmail.com . Estou disposto a manter contato para trocar informações e conhecer pessoas.   

10 comentários:

  1. E eu que sou sua irma, nem sabia parte da sua historia! Muito bom te conhecer um pouco melhor! Te amo muito e estou contigo pro que der e vier! Falando em vier: a namorada vai vir no tempo certo. Bjos

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  2. "Vá firme na direção de suas metas: porque o pensamento cria..., o desejo atrai...; e a fé realiza!"

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  3. A luta por acessibilidade neste país ainda está só começando... Fazem muitos discursos vazios, pois a prática é que demonstra, comprova o que estão realizando... Através destas atitudes concretas, aonde todo mundo poderá visualizar rampas executadas dentro das normas, corrimões, sinaleiras para cegos, mobiliário adequado, sanitários com adequações corretas, piso tátil direcional e de alerta...; aí sim será uma realidade. "Palavra convence, mas o EXEMPLO ARRASTA!"

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  4. Você já sentiu na pele(foi o que me disse)o quanto as próprias chefias, devido ao grande desconhecimento, despreparo, causam desgastes desnecessários com relação ao direito da pessoa realizar sessões de fisioterapia, hidroterapia, ... Sem falar que não temos assistência pela previdência do estado... Para complicar existe o ASSÉDIO MORAL no serviço público que pode levar ao desespero, depressão,...
    PESSOAS QUE ADOECEM SÃO O FOCO DO ASSÉDIO MORAL, COM O OBJETIVO DE DEMITIR, APOSENTAR, TRANSFERIR.
    O assédio moral só ocorre quando os superiores permitem.
    O TRABALHO É CONSTRUTOR DE SAÚDE MENTAL!.

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    1. Vamos trabalhar juntos pela acessibilidade, Tê.
      Grande beijo!

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  5. Querido amigo. Sabes bem o quanto te admiro por tudo o que és. Sinto saudades de nossos almoços no CAFF. O bom é poder te acompanhar e manter contato, sabendo cada dia mais um pouco sobre o que pensas e o que te constitui como Gustavo. Bj Sandra Koch

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    1. Também tenho saudades tuas, Sandrinha. A admiração é recíproca, tenho certeza disso. Beijão!

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  6. Grande Gustavão... Irmão de fé, amigo, parceiro e acima de tudo, guerreiro. A luta segue sempre... Abraço!

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    1. Valeu, Jorge! Também gosto muito de ti. Pena que você sumiu do mapa.
      Abração!

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