sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Uma história de cirurgia

Em 1984, tive que fazer uma cirurgia complicada. Na verdade, foram duas cirurgias. Fiz a primeira e fiquei de tala por uma semana. Na semana seguinte (óbvio), o bicho pegou. Fiquei com um gesso que separava as minhas pernas com um cabo de vassoura e ia até embaixo dos braços. Os únicos "espaços em branco" eram o peito e onde eu fazia as minhas necessidades fisiológicas. Fiquem com esse gesso durante 45 dias.
Não foi fácil. Pouco eu saía de casa. Para a minha sorte, um amigo do meu pai, me deu um Atari. Foi um santo remédio! Era com ele que eu brincava com meus amiguinhos. Até porque, em função do gesso, só podia ficar de pé ou deitado.
Aliás, esse Atari tem uma história legal. Ganhei ele do Johnny Tomazoni, um falecido colega de trabalho do meu pai. Só que ele viajou (com o meu pai, a serviço) e pediu para o Derli me entregar o brinquedo. Quando meu pai chegou em casa, no final da semana, estava eu com o Atari. Contei a história e ele não acreditou. Ligou para o Johnny e cobrou porque não foi avisado de nada. Resposta do Tomazoni: "o brinquedo era pra ti ou pro teu filho?".
Para estudar, a gurizada copiava a matéria nos meus cadernos (geralmente, era o Rodrigo Coulon quem fazia isso) e estudava em casa. Nós tínhamos aquele aparelho de som antigo e o móvel onde ele ficava dava exatamente na altura do meu peito (naquela época, eu devia ter, 1,30m;1,35m). Então, era ali que eu estudava e fazia as minhas refeições. Ah, e passei de ano sem pegar recuperação.
Teve outra situação em que tive uma crise de choro (eu tinha 10 anos, né gente?) porque tava com saudades de alguns colegas e do colégio.Toca o meu pai sair do serviço para me levar no colégio. Minha mãe ligou para a escola, os professores avisaram e meus colegas passaram o recreio comigo. Foi ótimo.
Bom, depois dos 45 dias, tirei o tal baita gesso e fiquei com um só nas pernas durante mais 15 dias. Aí eu voltei para as aulas. Nos primeiros dias, eu ficava até o recreio. Na segunda semana, ficava a aula toda e, no recreio, a professora (tia Ana Luiza) designava dois colegas e, modéstia a parte, eles brigavam para ver quem ficaria comigo.
E a própria gurizada me carregava pra cima e pra baixo. O tio Moreno (professor de Educação Física) ensinou e mesmo as meninas (maiores) me pegavam no colo. Ou faziam uma cadeirinha (de dois) ou me botavam nas costas. Era uma farra!
Depois dessas duas semanas, finalmente tirei o gesso e fui me recuperando aos poucos com a fisioterapia. Como disse no começo do texto, não foi fácil. Mas superei e, com certeza, o que mais ficou marcado em mim foi o carinho dos amigos. Do Rodrigo; da Mariana; da Daniela; do Marcus; da Marcia; do Leonardo; do Daniel D'ávila; do Daniel Azambuja; do Humberto; do Marcus; da Anapaula e da Fernanda; do Bing; do Guilherme; da Cinthia; da Sabrina; da Tatiana; do tio Moreno e da tia Ana Luiza, etc... Claro que também não posso esquecer da minha família: mãe; pai, Dri e Dé. Inesquecível!

OBS: o etc foi porque, provavelmente, eu esqueci alguém. Me desculpem. 

6 comentários:

  1. A Historia do Atari foi massa! e um santo remédio pra quem tem que ficar em casa sem muitas alternativas de detração ! massa sua História mas ainda acredito que deve corar como o garoto de 10 anos srsr

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    1. Lucas, apesar de tudo, foi um tempo maravilhoso.

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    2. Vc parecia um Robocop! Eu lembro do dia que fomos te levar para dar uma volta de carro, deitamos o banco da frente do passageiro, eh claro, e enxemos de almofadas ou travesseiros nao lembro bem, para voce ficar mais confortavel. E la fomos nos... :)

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    3. Eu lembro disso, Dri. E as almofadas, acho que não foram por causa do conforto. Acho que foram para conseguir enxergar a rua mesmo. Eu era pequeno.

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  2. E aí Gustavão. Me lembrei daquela época. Que bom que ajudamos de alguma forma a tornar as coisas mais fáceis. Que turma maravilhosa nós tínhamos né? Um monte de amigos, para todas as horas. Um grande abraço. Humberto

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    1. Saudades daquela época, Humbertão. Que bom que podemos, de certa forma, retomar aquele contato atualmente.
      Abração.

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